TODAS AS MÚSICAS

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

MARIA ALCINA







Nascida na cidade mineira de Cataguases, Maria Alcina começou a cantar ainda em sua cidade natal depois de algumas experiências em teatro. Participou do 1º Festival Audiovisual de Cataguases ainda menor de idade e conheceu alguns dos maiores músicos, compositores e intérpretes da cena musical brasileira da época: Antonio Adolfo (que logo depois daria seu primeiro emprego no Rio de Janeiro), Nelson Motta, Jards Macalé, Torquato Neto e Marcus Vinícius (autor da primeira música gravada por Alcina, “Azeitonas verdes”, lançada em compacto no início da década de 1970). Logo depois de sua bem sucedida participação no festival, Alcina foi tentar a sorte no Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro, Alcina trabalhou no escritório da produtora de Antonio Adolfo, a Brazuca, e começou a ter experiências em teatros de revista, junto com a já famosa Leila Diniz, e boates. Protagonizou shows memoráveis na Boate Number One, no circuito cult da cidade. Ainda naquela década, Maria Alcina deixou a cena pós-tropicalista da MPB de pernas pro ar. Depois de gravar um compacto em 71 com a emblemática “Mamãe, Coragem” (Caetano Veloso/Torquato Neto), que Gal Costa cantava no LP Tropicália, ela estouraria no ano seguinte, vencendo o VII Festival Internacional da Canção, na TV Globo, com uma apoteótica interpretação de “Fio Maravilha” (Jorge Ben). Imagine a cena: uma mulata com uma voz rouca bastante masculina, maquiagem extravagante, roupas irreverentes e gestos carnavalescos. Daí as comparações com Carmen Miranda.

Mas nesta época, rupturas, de um modo geral, não eram nada bem vistas e, em 1974, ligando a TV, Alcina toma conhecimento de que fora censurada em todo o Brasil, chegando a responder processo logo depois por causa de seu gestual espalhafatoso. O impacto causado pela cantora pode ser entendido se pensarmos que apenas dois anos antes, ainda não havia Secos & Molhados e suas maquiagens e o rebolado de Ney Matogrosso. As Frenéticas só se auto-proclamariam bonitas e gostosas em 76. “Era um momento em que o comportamento era motivo para condenação e que artista corria da polícia", disse Alcina ao site Cliquemusic, em 2000.

Lançou músicas de João Bosco e Aldir Blanc (“Kid Cavaquinho”, “Beguine Dodói”, “Amigos Novos e Antigos”), Eduardo Dusek (“Folia no Matagal”), Rita Lee (“Tum-Tum”), reviu Noel Rosa (“Coração” e “Seu Jacinto”) e o repertório das divas do rádio, de forma totalmente anárquica, eletrizando arranjos e rindo ou gritando conforme a música pedisse, em números originalmente criados por Marlene (“E Tome Polca”), Emilinha Borba (“Paraíba”), Lana Bittencourt (“Haja o Que Houver”), Aracy de Almeida (“Escandalosa”), Bando da Lua (“Maria Boa”) e, claro, Carmen Miranda (“Alô, Alô” e “Como Vaes Você”). E assim, entre homenagens elétricas às cantoras do rádio e a descoberta de novos autores, Alcina lançou seu dois primeiros LPs em 1972 e 74.

Mesmo depois do baque da censura, Alcina ainda conseguiu lançar um disco no final da década de 1970. Plenitude (1978, Copacabana) não obteve o mesmo sucesso de seus discos anteriores, mas a cantora continuava a fazer shows pelo Brasil. Em meados da década de 1980 voltou a fazer sucesso com algumas músicas retiradas do folclore, as impagáveis “Prenda o Tadeu”, “É mais embaixo” e “Bacurinha” (todas retiradas do disco Prenda o Tadeu, 1985, Copacabana). O sucesso foi avassalador mas não manteve a carreira de Maria Alcina em pé. Não adiantou, o público tinha perdido o interesse. Sua atuação se restringiu a pequenas casas de shows, restaurantes e tornou-se jurada de programas de TV. Mas nem tudo são pedras. A convite de Nelson Motta, em 1995, Alcina tem sua versão para “Alô, alô” incluída no CD tributo à Pequena Notável, A Lenda Viva de Carmem Miranda (1995, Lux/Som Livre). Ao lado de grandes nomes da MPB, como Gal Costa, Marisa Monte, Maria Bethânia, Wanderléa, entre outros. O projeto se desmembrou em dois shows no Lincoln Center, em Nova York, em que subiu ao palco junto com Aurora Miranda e Marília Pêra.

Um pouco antes dessa série de shows em que encarnou Carmem Miranda nos EUA, Alcina havia conseguido gravar à duras penas seu quinto álbum, o independente Bucaneira (1992, Origem Produções). No repertório, Jorge Ben (em mais uma regravação de “Fio Maravilha” e na inédita “Sem vergonha”), João Bosco (“Sassaô”), Belchior (a faixa-título) e Pelé (“Acredita no véio”).

Em 2000, voltou a assumir o posto de jurada do programa Ed Banana, na TV Record, além de continuar a trabalhar no programa de Raul Gil. Também apresentou, em alguns locais de São Paulo e do interior do estado, o show Alma Feminina, em que continuou reverenciando o repertório de grandes cantoras, como Elis Regina (“Tiro ao Álvaro”), Clara Nunes (“A Deusa dos Orixás”), Dircinha Batista (“Periquitinho Verde” e “O Primeiro Clarim”) e Dalva de Oliveira (“Bandeira Branca”), além de Carmen, que é lembrada com “Alô, Alô, “O Tic-Tac do Meu Coração”, além dos seus próprios sucessos de carreira.

O início do século 21 têm sido um período de buscas, revalorizações e desafios para Maria Alcina. Começou a fazer teatro e cantar sob a direção de Luiz Antonio Gasparetto no Espaço Vida & Consciência e teve seus dois primeiros discos lançados em CD pela Warner com faixas bônus e remixes de “Fio Maravilha” e “Paraíba” (Luiz Gonzada/Humberto Teixeira).

Em 2003, logo após uma temporada de shows no Bar Brahma em São Paulo para comemorar seus 30 anos de carreira, Alcina foi convidada para participar de um evento musical no SESC Pompéia. O mini-festival Com:tradição, organizado pelo jornalista Alex Antunes, reuniu novas bandas e criou encontros inusitados entre diferentes gerações. Maria Alcina foi colocada ao lado do quarteto eletrônico Bojo (Maurício Bussab, Kuki Stolarski, Du Moreira e Fe Pinatti). O encontro foi tão bem sucedido que logo gravaram um disco. No mesmo ano saiu o excelente Agora (2003, Outros Discos/Tratore) em que Maria Alcina se diverte na vibrante cama eletrônica do quarteto em um repertório que alterna músicas do repertório da cantora (“Eu dei”, “Filho Maravilha”, “Sangue latino” e “Pam pam pam”) e novas músicas (tanto do próprio Bojo como “Kataflan” e “Nervokalm” quanto de outros como o alagoano Wado em “Tarja preta”). O encontro Bojo & Maria Alcina se espalhou ainda mais no carnaval de 2004 quando subiram ao palco do Festival RecBeat em Recife.




Espirito de Tudo

Espírito de Tudo2017





De Normal (Bastam os Outros)

2015



Maria Alcina Confete e Serpentina

2009




Agora
Agora2003




Confesso
Maria Alcina - Confesso no Submarino.com2002




Bucaneira
1992



Prenda o Tadeu
1985




Plenitude
1979




Maria Alcina
1974




Maria Alcina
1973



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